Romero: A Hegemonia Brasileira e a Força do Campeonato Nacional

A trajetória vitoriosa de um argentino no Cruzeiro

Em entrevista concedida ao jornal argentino Olé, Lucas Romero, meio-campista do Cruzeiro, compartilhou suas impressões sobre a sua experiência no futebol brasileiro e o surpreendente domínio dos clubes brasileiros nas competições sul-americanas. O jogador, que se orgulha de ser o estrangeiro com mais jogos pelo Cruzeiro , superando inclusive a marca de Ariel Cabral, destacou a sua alegria em alcançar a marca de 200 jogos com a camisa do clube mineiro, "Cheguei a 200 jogos e isso me enche de felicidade porque me faz o estrangeiro com mais jogos na história do clube, superei Ariel Cabral , com quem dividi time aqui e no Vélez podendo fazer parte da história de um clube em que jogaram Perfumo, Sorín... é um orgulho".

Romero , que atuou por quatro anos no Independiente, rival do Racing, adversário do Cruzeiro na final da Copa Sul-Americana de 2023, abordou a questão da sua posição no clube brasileiro e a iminente final da competição continental, que ocorreu em Assunção, no dia 23 de novembro do mesmo ano, às 17h.

A entrevista ocorreu uma semana antes da final contra o Racing, um confronto de alta carga emocional para o volante argentino.

O Campeonato Brasileiro: A Forja de Campeões

Para Romero , a chave para o sucesso dos clubes brasileiros no cenário sul-americano reside na acirrada disputa do Campeonato Brasileiro. A intensa competição, segundo ele, molda atletas excepcionais, preparados para os desafios internacionais. A pressão do rebaixamento, elemento crucial dessa competitividade, foi comparada pelo jogador à suspensão do descenso na temporada 2024 do Campeonato Argentino, que terá 30 equipes na elite.

Embora reconheça as críticas ao calendário brasileiro, repleto de jogos, Romero afirma gostar dessa exigência: "isso exprime ao máximo como atleta e profissional". A alta carga de jogos, segundo ele, exige profissionalismo integral, 24 horas por dia. "Se no Brasil você não é profissional 24 horas por dia, não dá para você. Jogamos 10 jogos em um mês. Você não pode dar nada, nem mesmo um cochilo."

Ele compara a experiência no Brasil com a vivida no México, onde também havia alta competitividade e orçamentos consideráveis, mas sem a mesma demanda diária do futebol brasileiro. "Fui muito bem no México, onde também há concorrência e orçamentos altos, mas não é a demanda que temos no Brasil, é um dia-a-dia diferente".

A Diferença Econômica e a Competitividade Intrínseca

O jogador argentino também analisou as diferenças entre o futebol argentino e o brasileiro, destacando o fator econômico como um elemento diferenciador. "Acredito que a diferença entre Argentina e Brasil é grande economicamente. Você vê o time do Botafogo ou o time do Flamengo, que comprou o Alcaraz da Juventus. O Cruzeiro comprou Kaio Jorge, que estava na Juve e tem 22 anos, então ainda é um ativo. Hoje o Brasil compra na Europa."

Romero destaca a capacidade financeira dos clubes brasileiros de contratar jogadores europeus, como exemplo, a contratação de Kaio Jorge , ex-Juventus. Apesar do crescimento da estrutura dos clubes argentinos, ele ressalta a forte competitividade do futebol brasileiro, onde os quatro últimos colocados são rebaixados para a Série B.

Ele finaliza sua análise, afirmando que: "O argentino sempre competirá porque traz de dentro um extra que o torna competitivo. Na Sul-Americana aconteceu que enfrentamos Boca, Libertad e Lanús, que são times com muita história".

Conclusão: Um Olhar Crítico sobre o Cenário Sul-Americano

A entrevista de Lucas Romero oferece uma perspectiva privilegiada sobre a força do futebol brasileiro. Sua análise, baseada em experiência e observação, destaca a importância da competitividade interna, impulsionada pelo sistema de rebaixamento e pelo volume de jogos, como fator determinante para o sucesso dos clubes brasileiros no cenário internacional. A diferença econômica entre Brasil e Argentina também é apontada como um elemento significativo a ser considerado na análise do panorama sul-americano.